1) O que é o trote estudantil?
O trote estudantil é considerado por muitos alunos uma espécie de rito de passagem obrigatório para comemorar a aprovação no vestibular. Com o intuito de integrar os novos alunos na rotina do campus universitário, os veteranos do curso promovem uma série de brincadeiras.
2) Quais são os trotes mais comuns na entrada da faculdade?
As atividades variam entre os cursos, mas elas são divididas por níveis de dificuldades. As mais fáceis são as brincadeiras de identificação do “bixo”, em que os veteranos raspam o cabelo ou pintam corpos e roupas dos calouros com o nome da faculdade e o da carreira.
Apesar de tradicional, o pedágio é considerado um trote intermediário. Os calouros devem pedir dinheiro para pessoas nas ruas e nos semáforos até atingir a quantia estabelecida pelos veteranos. O montante arrecadado, geralmente, é gasto nos bares próximos às faculdades.
Há ainda quem é escolhido para matar insetos a gritos (ou seja, ficar berrando até imobilizar uma pacata formiga que está passeando pelo campus) ou medir a sala de aula com palitos de fósforos. São cansativos e podem incomodar os mais tímidos, mas não geram agressões físicas.
3) Como foi o primeiro trote universitário?
De acordo com o professor Antonio Zuin, autor do livro O trote na universidade: passagens de um rito de iniciação (Editora Cortez), o trote surgiu nas universidades europeias para diferenciar os alunos novatos – considerados menos cultos e que precisavam ser “civilizados” – dos que já estavam se formando. O primeiro registro de violência data do século 15, na Universidade de Heildelber, na Alemanha, onde os calouros foram obrigados a beber taças de vinho com urina e comer alimentos misturados a fezes. Zuin explica ainda que os veteranos também rasparam os pelos do corpo do grupo que havia entrado na instituição.
4) Não quero que cortem meu cabelo nem me sujem de tinta. Como posso escapar do trote?
O diálogo é ainda a melhor saída. Seja por motivos pessoais, profissionais ou religiosos, explique suas razões ao grupo. Na maioria dos casos, há alguém entre os veteranos que respeita as liberdades individuais e impede que você chegue ao trabalho sujo. Em todo caso, converse com os outros calouros para encontrar pessoas que discordem dessas práticas.
5) A faculdade pode punir o veterano que comete trote violento?
Sim, os alunos que cometem trote violento podem estar sujeitos a penalidades. Essas punições são determinadas por uma comissão, formada pela própria faculdade, que investiga possíveis abusos em uma sindicância interna. Na apuração desses casos, geralmente, são usadas fitas de segurança e entrevistas com alunos e funcionários. A investigação dura, em média, de 30 a 60 dias. Se confirmada a violência, o veterano pode chegar a ser expulso da instituição.
6. Existe no brasil legislação anti-trote?
Não existe uma lei federal a respeito especificamente de trote, apenas projetos de lei.
Apesar da falta de lei específica e da crença geral, os trotes universitários não são permitidos pelo nosso Ordenamento Jurídico. Os agressores podem ser responsabilizados nas seguintes esferas: Administrativa (perante a instituição de ensino); Civil e Penal.
7. Como encarar os trotes?
- O calouro deve tentar manter o espírito esportivo. O trote é um rito de passagem, presente em vários países do mundo, e pode ser encarado como uma brincadeira saudável se não agredir o físico ou a moral do aluno.
- Se o novato não quer mesmo participar de nenhuma brincadeira, o mais recomendável é ele faltar às aulas nas duas primeiras semanas, período em que costumam ocorrer os trotes e comemorações.
- Ter uma atitude humilde perante os veteranos, ajudando no que for possível em brincadeiras saudáveis, ajuda a firmar novas amizades.
- Optar por festas e comemorações dentro da Instituição. Os trotes, atualmente, são bem mais controlados pelo corpo de direção do ensino.
- Se informar se na sua faculdade há o "trote solidário". Nestes casos, levar um quilo de alimento não perecível ou topar doar sangue em um hospital pode livrar o calouro de brincadeiras mais sem graças.
- O aluno novo pode ir vestido com a camiseta ou boné da instituição. Assim, ele pode passar despercebido pelos veteranos.
- Entrar em contato com as comunidades estudantis pode ser uma boa alternativa para quem quer ser protegido pelos veteranos.
8. Como os pais podem ajudar?
- No dia da matrícula, vale conversar com a direção do curso para saber qual é o tipo de trote que costuma ocorrer na instituição.
- Encorajar o jovem a participar da brincadeira e ter espírito esportivo, desde que a ação dos veteranos não seja agressiva ou constrangedora.
- Reforçar ao aluno novato que ele deve chamar a polícia ou avisar os pais pelo celular, caso esteja sofrendo agressões morais ou físicas.
Leia mais em http://www.antitrote.org/
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