Escolaridade do brasileiro sobe 8 pontos percentuais em 10 anos, mostra pesquisa

A escolaridade do brasileiro subiu 8 pontos percentuais na última década, mostra pesquisa divulgada hoje (30) pelo Instituto Data Popular. Em 2003, 28% da população ocupada tinham o ensino médio incompleto ou completo. Em 2013, o percentual subiu para 36%. Já o total de trabalhadores com formação universitária completa aumentou de 12% para 14% em dez anos, enquanto o de trabalhadores com ensino fundamental incompleto ou completo diminuiu de 50% para 43%.

De acordo com a pesquisa, os trabalhadores também estão ganhando mais. O rendimento médio, em 2003, era R$ 1.305 e subiu para R$ 1.898, em 2013. O presidente do Instituto Data Popular, Renato Meirelles, disse à Agência Brasil que a renda do trabalhador aumentou, basicamente, em função da política de aumento real do salário mínimo que ocorreu no Brasil nos últimos dez anos e da expansão da escolaridade.

“Na prática, isso aumentou o salário base dessas pessoas. Teve o aumento da formalização e o aumento real do salário mínimo. Em paralelo a isso, a gente começou a ver o aumento da escolaridade média das pessoas, que ainda é aquém do que todos nós gostaríamos, mas foi um crescimento que veio para ficar”. Meirelles informou que hoje, 75% dos jovens trabalhadores do país estudaram mais do que seus pais.

Segundo o presidente do Data Popular, criou-se no Brasil um círculo virtuoso com alvo no aumento médio da escolaridade das pessoas, de um lado, ao mesmo tempo que mostra a importância efetiva de se ter uma política de valorização real do salário mínimo. “Porque muita gente conseguiu ter mais condições de estudo devido ao aumento da renda média em geral”.

Meirelles lembrou que anteriormente, os filhos paravam de estudar para ir trabalhar. Por isso, segundo ele, a existência dessa cultura de que a melhora da escolaridade era concorrente com o mercado de trabalho se estendeu por muitos anos. “Porque, para conseguir sustentar a família, as pessoas tinham que parar de estudar para trabalhar”. Esse modelo, disse, perpetuava a desigualdade. “Era como se quem nasceu pobre devesse ter profissão de pobre e quem nasceu rico, profissão de rico”.

O presidente do Data Popular destacou que o aumento da escolaridade mudou o acesso a profissões e empregos que antes eram exclusivos de pessoas que tinham “berço”, como se costumava designar, segundo ele, as pessoas de classe econômica mais alta. “Essas pessoas tinham melhores condições de estudo porque não eram obrigadas a parar de estudar para trabalhar”, sustentou.

De acordo com Meirelles, cada ano de estudo representa 15% a mais no salário médio das pessoas até a universidade. Meirelles enfatizou que quando os brasileiros passaram a entender que quem estudou mais ganha mais, as famílias deixaram de enxergar o estudo como concorrente do trabalho e passaram a entender o estudo como uma ferramenta estratégica para que eles melhorem de vida de forma sustentável.

A pesquisa mostra ainda que, com o aumento da renda, cresceu também o número de brasileiros ocupados que ingressou na chamada nova classe média. Em 2003, 44% pertenciam à classe média; esse percentual evoluiu para 53%, em 2013. Também o número de trabalhadores da classe econômica alta mostrou expansão, saindo de 17% para 33% na década. A consequência foi a redução da participação da classe econômica baixa entre o pessoal ocupado, de 39% para 14%.

O levantamento constatou também que, no período de dez anos, o trabalho feminino passou a ter uma formalização mais significativa. Na década analisada, aumentou a participação das mulheres no mercado de trabalho. Em 2003, 40% dos trabalhadores eram mulheres. Em 2013, o percentual subiu para 42%. “Você passou a ter duas fontes de renda dentro de casa”. Já a participação dos homens caiu de 60% em 2003, para 58%, em 2013.

Renato Meirelles ressaltou que a pesquisa constatou ainda que o trabalho é um valor para a sociedade brasileira. Não só o trabalho com a carteira assinada, mas o empreendedorismo. “Os brasileiros estão vendo que ter condições de se preparar melhor ou ter um filho melhor preparado para o mercado de trabalho é um bom plano de aposentadoria”. Ou seja, com o filho melhor preparado, com nível de escolaridade mais elevado, a família estaria com o futuro garantido.

Na avaliação do presidente do Data Popular, a priorização do estudo representaria não só uma questão simbólica, do valor da educação, mas uma questão prática das famílias de entenderem que não existe previdência melhor do que ter um filho na universidade. “Os jovens da nova classe C entendem a responsabilidade que está pesando sobre os ombros deles com o futuro não só deles próprios, mas do resto da família”.

Alana Gandra/Agência Brasil

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